DEVOÇÃO

segunda-feira, 21 de outubro de 2019




O ser humano é um adorador por natureza. Tendo sido criado à imagem de Deus, ele somente encontra significado para sua existência ao adorar e refletir corretamente o Criador. Contudo, em seu estado de rebeldia o ser humano se afastou de Deus e procurou encontrar sentido para a vida adorando a si mesmo, seus desejos e sonhos, bem como alguns outros elementos da criação ao invés de cultuar o Criador. Ao fazer isso ele se revelou um idólatra e sua vida passou a se conformar à imagem do objeto de sua adoração.
Idolatria, talvez seja um dos temas mais profusos nas Escrituras Sagradas. De fato, um dos assuntos centrais da Bíblia é a refutação da idolatria. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento denunciam essa prática como uma fonte explicativa do comportamento e procedimento pecaminoso das pessoas. O apóstolo Paulo definiu idolatria como o ato de mudar “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.23). O Catecismo de Heidelberg elabora sobre esse conceito e explica que a dinâmica dessa práxis consiste em “ter ou inventar algo em que colocar a nossa confiança em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus que se revelou em Sua Palavra” (Resposta à Pergunta 95). Em outras palavras, o ídolo acaba sendo um substituto de Deus e o idólatra espera que ele conceda aquilo que somente o verdadeiro Deus pode dar.
O mais sutil de tudo é que um ídolo não é formado apenas de coisas más, mas até mesmo aquilo que é bom pode competir com Deus se dedicamos a isso o amor que deveria ser direcionado ao Bendito Senhor. Por exemplo, filhos são bênçãos de Deus para seus pais (cf. Sl 127.3), mas é possível que eles se transformem em ídolos se forem mais amados do que Aquele que os concedeu. Semelhantemente, o trabalho é uma dádiva do Criador e o sucesso um alvo a ser perseguido, mas se alguém se revela um workaholic, a dedicação se transformou em adoração e o que era bom se transformou em um objeto de idolatria. Enfim, idolatria é um “amor desordenado”: a devoção que deveria ser dirigida a Deus é direcionada a outra pessoa, desejo, elemento, atividade e assim por diante. 
A verdade é que a adoração muda as pessoas, pois cada adorador é conformado àquilo que adora. Se o alvo de nossa adoração é o Senhor, seremos conformados à Ele e nos pareceremos mais com Ele, pois “todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3.18). No entanto, se os objetos de nossa adoração são os ídolos, “como eles se tornam os que os fazem, e todos os que neles confiam” (Sl 135.18). Por isso, é possível que alguém que adora a tecnologia se acostume ao relacionamento mecânico e distante, ao invés da aproximação mais pessoal. O fato é que nenhum ato de adoração é, em si mesmo, neutro, pois o que é adorado reflete a devoção de quem lhe presta culto e lhe atribui valor e dignidade. Por essa razão, idolatria não é um assunto periférico, mas central tanto nas Escrituras como na vida cotidiana.
Sendo assim, a pergunta a ser respondida é: a quem, de fato, você adora? O que sua vida e comportamento sugerem? Espero que seu testemunho reflita verdadeiramente que você adora o verdadeiro Deus
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